Habermas
desenvolve seu trabalho através da analise do processo de racionalização
instrumental elaborado por Weber, onde o conceito de racionalização descreve o
processo de desenvolvimento existente nas sociedades modernas. Esse processo
caracteriza-se pela ampliação crescente de esferas sociais que ficam submetidas
a critérios técnicos de decisão racional, isto é, o planejamento e o cálculo
foram tornando-se, cada vez mais parte integrante de procedimentos envolvendo
questões administrativas. Uma racionalidade teleológica definida pela relação
meios a fins onde, para se alcançar determinados objetivos, nos organizamos,
desenvolvemos estratégias e eliminamos alternativas que não se enquadram em um
plano desejado.
Seu
trabalho consiste na busca por superar o conceito de racionalidade
instrumental, ampliando o conceito de razão, para o de uma razão que contenha
as possibilidades de reconciliação consigo mesma: a razão comunicativa. Ele
discorda da linha intelectual na qual se desenvolvia a noção de racionalidade
(Weber, Adorno, Horkheimer) onde a dominação do homem sobre a natureza fora
convertida em dominação do homem sobre o homem reduzindo o conceito de razão a
uma relação de poder, confundindo a racionalidade de sistema com a
racionalidade da ação. Ao desenvolver sua teoria da comunicação Habermas
distancia-se da discussão acerca da racionalidade instrumental e passa a
desenvolver um conceito de racionalidade baseado nos fundamentos presentes nos
processos de comunicação intersubjetiva com vistas a alcançar o entendimento no
processo relacional entre indivíduos através da interação comunicativa.
A
ação comunicativa é, portanto a capacidade de interação de, no mínimo dois
sujeitos, capazes de falar e agir de forma pragmática, estabelecendo relações
interpessoais com o objetivo de alcançar uma compreensão sobre a situação em
que ocorre a interação e sobre os respectivos planos de ação com vistas a
coordenar suas ações pela via do entendimento. Neste processo, eles se
remetem a pretensões de validade criticáveis quanto à sua veracidade, correção
normativa e autenticidade, cada uma destas pretensões referindo-se
respectivamente a um mundo objetivo dos fatos, a um mundo social das normas e a
um mundo das experiências subjetivas.
Compreende que o individuo não é apenas uma peça da
engrenagem social, reagindo simplesmente a estímulos coercitivos que o põe em
movimento. No mundo da vida o sujeito é dotado de sentido em suas ações e,
através das possibilidades existentes na linguagem, torna-se ele capaz de
comunicar percepções e desejos, intenções, expectativas e pensamentos. Sendo,
portanto o individuo possuidor de agencia para mudar a sua própria vida, de
construir sua própria história. É através da ação comunicativa que são
reproduzidas as estruturas simbólicas que constituem o mundo da vida:
interpretações do mundo, leis, regras sociais e morais, nossas competências
individuais e capacidades de reproduzir a própria ação comunicativa. Assim, sob
o aspecto do entendimento mútuo, a ação comunicativa serve para transmitir e
renovar o saber cultural; sob o aspecto de coordenar a ação, ela
propicia a integração social; e sob o aspecto da socialização, ela serve à
formação da personalidade individual.
Habermas
pensa na possibilidade de que, através do diálogo, o homem possa retomar o seu
papel de sujeito, onde a subjetividade não é um constructo solitário, fruto de
uma autorreflexão, mas o resultado de um processo de formação social na qual o
individuo fora desenvolvendo ao longo de sua vida através de uma complexa rede
de interações. O conceito de razão comunicativa é, portanto a possibilidade de
diferenciar os mundos objetivo, social e subjetivo. Diferenciar o pensamento
moderno do pensamento mítico, onde o pensamento moderno assume que
interpretações individuais do mundo variando com relação à realidade social e
natural vivenciadas, moldando as crenças e valores de seu mundo objetivo e
social.
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