Os
bens culturais também podem ser avaliados por um prisma econômico, definindo -o
como um capital, ou melhor, capital cultural. Ao contrário do senso comum que
considera o gosto cultural como um dom da natureza, a observação cientifica demonstra
que o gosto por práticas culturais legitimadas socialmente são fruto de sua
origem social e/ou de seu nível de instrução.
O gosto classifica indivíduos. A posse ou não
desse capital cultural determinará de forma hierárquica a sua posição social. Portando,
os gostos culturais adquirem função de marcadores de classe. O gosto distingue
classe social através da arte, criando uma dualidade entre o que é belo ou feio,
entre a estética pura ou o que é vulgar ou popular. Estética se opõe a ética e
aplica essa distinção até mesmo nas decisões mais simples do cotidiano como na
alimentação ou vestimenta, mantendo uma barreira entre aqueles que obtiveram
acesso à cultura de forma legitima, desde a sua infância no leito de uma família
culta e de forma insensível daquele que adquiriu gosto através de uma educação tardia e
em instituições escolares. Quem adquire cultura de forma legitima tende a desenvolver
uma visão etnocêntrica do seu capital cultural, acreditando tratar se de um
olhar puro. Um dom natural.
Para
Bourdieu, a obra de arte só adquire sentido e só tem interesse para quem é
dotado do código segundo o qual ela é codificada. O espectador desprovido de
tal código sentiria -se perdido no que lhe parece o caos de sons, de ritmos, de
cores e de linhas, sem tom nem som.
Fichamento e resenha introdução de A Definição de Bourdieu
·
Os Bens culturais também possuem uma economia
(capital cultural);
·
Contra a ideologia na qual considera o gosto
cultural como um dom da natureza;
·
A observação cientifica demonstra que o gosto
por praticas culturais está diretamente ligado ao nível de instrução (diploma
escolar e anos de estudo) e a origem social do indivíduo;
·
A hierarquia socialmente reconhecida das artes
corresponde a hierarquia social dos consumidores;
·
Os gostos como marcadores de classe;
·
Diferentes modos de aquisição de gosto por
cultura: acesso precoce ou tardio, familiar ou escolar ou por classes de indivíduos
que eles caracterizam.
·
Nobreza cultural: opõe -se de maneira mais ou
menos declarada dos grupos separados em sua ideia sobre cultura, sobre a
relação legitima com a cultura e com as obras de arte, portanto, sobre as
condições de aquisição desse capital cultural.
·
Aqueles que bem cedo tiveram acesso à cultura
legitima, em uma família culta, fora das disciplinas escolares encontram -se
enquadrados na definição dominante do modo de apropriação legitima de cultura;
·
A obra de arte só adquire sentido e só tem
interesse para quem é dotado do código segundo o qual ela é codificada;
·
O espectador desprovido do código sente -se
submerso diante do que lhe parece o caos de sons, de ritmos, de cores e de
linhas, sem tom nem som;
·
A aquisição da cultura legitima pela
familiarização insensível no amago da família tende a favorecer, de fato, uma
experiencia encantada da cultura que implica o esquecimento e a ignorância dos instrumentos
da apropriação acompanhado do mal-entendido etnocêntrico do olhar puro;
·
O “olho” é um produto da história reproduzido
pela educação. Uma percepção artística que se impõe como legitima, como um dom;
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Distinção de classe social através da arte;
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Dualidade entre estética pura e o vulgar (tendo
o vulgar como o popular. Não refinado);
·
Aplicação de uma “estética pura” (refinada) nas
escolhas mais comuns da existência cotidiana: cardápio, vestuário, ou decoração
da casa;
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Cultura legitima opondo -se a o popular no
sentido de oposição estética X ética;
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O gosto classifica;
·
Os sujeitos distinguem -se pelas distinções que
eles operam entre o que é belo ou feio, entre o distinto e o vulgar;
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Diferenciam -se também no consumo alimentar: antítese
entre quantidade e qualidade, a grande comilança e os quitutes, a substancia e
a forma. Distanciamentos entre o gosto e a necessidade;
A cultura transforma, distingue e
separa indivíduos em categorias como econômicas, hereditárias e éticas.
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